sexta-feira, 11 de maio de 2012

Conselhos a Um Pregador Itinerante

Sent: Thursday, January 19, 2012 12:36 AM
Subject: Conselhos a Um Pregador Itinerante


[carta dirigida a personagem fictícia, porém baseada em experiências e fatos bem reais]

Meu caro Pr. Filipe,

Obrigado por seu e-mail contando as experiências recentes em suas pregações Brasil afora. Eu mesmo tenho tido a oportunidade, durante meu ministério, de pregar praticamente em todos os Estados da Federação e em vários países do exterior. Só posso agradecer a Deus.

Acho que é por isso que me sinto à vontade para atender seu pedido de conselhos práticos para suas viagens. Vou falar de coisinhas práticas que, mesmo sendo pequenas e "mundanas", podem estragar sua estada em uma igreja.

1. Se for viajar de avião, acerte bem cedo quem vai comprar a passagem. Já me aconteceu de chegar o dia de viajar e não ter um bilhete. Os que me convidaram não compraram passagem pensando que eu ia comprar! Foi uma dificuldade conseguir passagem de última hora e estas geralmente são mais caras.

2. Se ficar a seu critério comprar a passagem, veja o horário em que a programação começa, para não chegar em cima da hora. Dê sempre um espaço para atrasos nos aeroportos. Peça um assento no corredor ou janela, não deixe para marcar na hora do embarque. Você pode terminar lá no fundo, espremido entre dois gordões durante duas horas de vôo. Um verdadeiro inferno.

3. No caso de você comprar a passagem, guarde o comprovante para mostrar quanto custou, na hora do reembolso. Não será um problema se você não tiver comprovante, mas fica mais elegante e transparente estar pronto para mostrá-lo.

4. Escreva em lugar acessível um telefone para contato, e mesmo o endereço da Igreja ou do local das pregações, para quando chegar ao aeroporto da cidade onde vai pregar não ser surpreendido por um aeroporto vazio, sem ninguém lhe esperando. Já passei por isso, sem telefone de contato e sem endereço, e lhe garanto, é desesperador!

5. A bagagem é extremamente importante, em caso de compromissos fora da sua cidade. Se for de ônibus, tudo bem. Se for de avião, esteja preparado para extravios. A melhor coisa é viajar leve e acomodar suas roupas, etc. em uma mala ou bolsa que você possa levar consigo dentro do avião, sem ter que despachar como bagagem. Se não tiver jeito, leve pelo menos uma muda de roupa com você. As chances de extravio de bagagem são grandes. Já me ocorreu de chegar em Goiânia para pregar num grande evento, e minha mala se extraviou. Tive que morrer num Shopping Center para comprar de última hora uma roupa completa e todos os acessórios (por causa do meu tamanho, sempre é difícil conseguir paletó emprestado...). A mala só apareceu dois dias depois.

6. Ainda sobre bagagem. O costume das igrejas varia muito pelo Brasil quanto à indumentária do pregador. Em alguns lugares, usar paletó é sagrado. Em outras, indiferente. Meu conselho é que pergunte antes ao pastor da Igreja que indumentária ele costuma usar. E caso isso não tenha sido possível, leve um paletó completo por via das dúvidas. Esteja preparado para tudo – rasgar as calças, descosturar o zíper da calça do único paletó (isso me ocorreu na encantadora Porto Velho. Minha sorte foi que havia uma irmã que era excelente costureira e deu um jeito a tempo para o culto da noite), manchar o único paletó que levou logo na primeira refeição, etc.

7. Por falar em hospedagem, naqueles compromissos de mais de um dia, meu conselho é que não imponha como condição ficar num hotel. Pega muito mal. Infelizmente, muitos pregadores evangélicos de renome quando aceitam um convite impõem como condição, além da oferta já determinada, ficar em hotéis de várias estrelas, comer em determinados locais, etc. etc. Para mim, é coisa de mercenário. Diga que aceita ficar hospedado na casa de uma família desde que você tenha tempo para descansar e rever seus sermões e orar. No meu caso, eu acrescento que não consigo dormir com mosquito (pernilongo, muriçoca, etc. – você tem que lembrar que dependendo do lugar para onde vai, o nome muda...) e calor, e se a família tiver pelo menos um bom ventilador e repelente, já basta. Deixe a Igreja que lhe convida decidir onde vai lhe hospedar. (Se você quiser ler um pouco sobre as bençãos de ser hospedado – e dos que hospedam pregadores – leia uma série de posts sobre o assunto, que começa aqui.

8. Como você é presbiteriano, fique atento para um detalhe que pode acabar trazendo algum embaraço, se você for convidado para pregar numa igreja batista. Isso nunca me aconteceu, mas sei de casos em que o pastor presbiteriano foi pregar numa igreja batista e na hora da Ceia do Senhor foi preterido – o diácono zeloso não lhe serviu o pão e o vinho (como eram batistas, provavelmente era suco de uva). Ouvi falar de pastores presbiterianos que passaram por esse vexame e sei de pelo menos um que se levantou e saiu do culto, na hora. Não precisava tanto, talvez. Mas, que fica chato, fica. Você é crente o suficiente para estar falando lá e até para ensinar a congregação como trilhar os caminhos de Deus, mas não para tomar ceia...Por isso, cuidadosamente, pergunte antes ao colega batista, ou de outra denominação que restrinja a Ceia, se haverá celebração da Ceia e se ele tem a posição restrita ou mais aberta, que concede a Ceia aos pobres presbiterianos. O que é acertado antes, não sai caro.

9. Outro conselho – procure informar-se ao máximo da Igreja onde vai pregar, ou dos que estão patrocinando o evento em que você vai falar. Em 1997 paguei um dos maiores micos do meu ministério quando fui convidado para falar sobre Batalha Espiritual em uma igreja presbiteriana fora de São Paulo (eu tinha acabado de lançar meu livro O Que você Precisa Saber sobre Batalha Espiritual). Eles esperavam que eu falasse a favor e eu fui falar contra! Se eu tivesse tomado o cuidado de me informar cuidadosamente das posições do pastor da época e da situação da igreja, provavelmente teria recusado o convite ou então deixado muito claro que iria falar contra. Foram três dias de tensão e desconforto, na esperança de que Deus estivesse utilizando positivamente aquele constrangimento... Conhecer antecipadamente sua audiência vai ajudar a calibrar a pregação, determinar os conteúdos e tirar do baú do escriba coisas velhas e novas apropriadas para a ocasião (Mateus 13.52).

10. Nesse sentido, é bom estar absolutamente seguro da ocasião e do motivo do convite. O que a Igreja espera? É um aniversário da Igreja? Há um tema específico? Os temas das pregações ou palestras são livres? Eles esperam que você fale quantas vezes? Seja organizado, tenha tudo isso anotadinho bem antes do evento. Eu já passei por maus momentos por causa de desorganização. Cheguei na cidade onde tinha de pregar três vezes sem ter me assegurado da ocasião. Confesso que confiei demais na minha experiência e nos sermões de reserva que tenho de memória. A ocasião era o aniversário do coral da UPH!!! Eu não tinha sermão nenhum preparado para isso. Tive de improvisar na última hora e ficou aquela beleza...

11. Ainda alguns conselhos sobre as pregações. Pergunte antes o tempo que o pastor da igreja costuma pregar. Não abuse do fato que você é convidado. Você vai querer que eles se lembrem de você como "ah, aquele pastor que pregou tão bem sobre Lázaro..." e não como "ah, sim, aquele pastor que pregou cada sermão um mais comprido que o outro..."

12. Outro conselho muito importante. Pregadores itinerantes "como nós" costumam ter um pacote de sermões que levamos conosco e pregamos onde somos convidados. Pode acontecer o desastre de você repetir o mesmo sermão num mesmo lugar. Já passei por essa vergonha. Quem me salvou foi Solano Portela, que estava presente, e logo que eu anunciei o texto e fiz a introdução do sermão, ele discretamente se levantou do banco e me passou um bilhetinho onde estava escrito "você já pregou esse sermão aqui no mês passado". Quase morri de vergonha. E o pior foi pregar na hora um sermão novo de improviso! Portanto, ache um jeito de registrar onde você pregou determinado sermão e quando, para evitar esse desastre.

13. Por incrível que pareça, o púlpito onde você vai pregar pode se tornar um problema. Há igrejas com púlpitos minúsculos e outras que nem púlpito têm mais – foram aposentados quando o pastor e a igreja adotaram grupo de coreografia, um enorme grupo de louvor e equipe de teatro. O pastor passou a pregar com microfone sem fio, andando pelo palco e pela igreja, sem anotações e sem a Bíblia diante dele, só contando histórias e experiências. Eu sei que você gosta de pregar expositivamente, de ter sua Bíblia aberta diante de você e as anotações ao lado. O que fazer em casos assim? Eu já me virei com aquele estande do regente do conjunto coral, onde de improviso acomodei a Bíblia e as notas. Em outras vezes, não teve jeito. Tive de pregar com a Bíblia aberta numa mão e o microfone sem fio na outra, sem chance de ter as anotações! Nesse caso, o que me salvou foi a boa memória a experiência de pregar de improviso. Meu conselho é que você também pergunte ao pastor se haverá ao menos um estande de regente para colocar Bíblia e notas. Outro conselho é que memorize os sermões e passe a pregar sem notas. Isso vai lhe salvar de inúmeras situações similares.

14. Agora, a questão da oferta. Na verdade, isso não deveria ser nem mesmo uma questão para você. No máximo é uma questão apropriada para quem convida. Quando isso passa ser o foco do seu ministério, vira coisa de mercenários, os que mercadejam a Palavra de Deus. Sei que existem muitos que não têm outras fontes de sustento a não ser o ministério itinerante, mas não é o seu caso e eu não saberia como lidar com essa situação... Já recebi vários convites que vinham com a pergunta receosa, "quanto o irmão cobra por palestra?" Obviamente, respondi que não cobro absolutamente nada, só preciso que paguem as despesas de passagem e hospedagem. Já houve casos em que acabei pagando para ir pregar em outro Estado, numa igrejinha que não tinha condições de pagar a passagem de avião. De ônibus, levaria 2 dias para ir e mais 2 dias para voltar (Deve ser por isso que minha agenda de pregações vive lotada...). Meu conselho é que não conte com ofertas, como se fosse coisa certa. Não são. São um extra, um bônus, que pode ter ou não. Se, todavia, a igreja ou entidade patrocinadora lhe oferecer uma oferta, aceite com alegria e gratidão. Se recusar, vai ofendê-los.

Bom, eu teria mais um monte de coisas para dizer sobre esse assunto. Afinal, após 30 anos como pregador itinerante, no Brasil e fora dele, a gente aprende muito. Mas, no geral, eu lhe diria que tem sido um grande privilégio e alegria pregar em tantos lugares diferentes. Os contratempos não representam nada diante das bênçãos. É claro que isso só tem sido possível pela compreensão e apoio da minha esposa (filha de missionários) e de nossos quatro filhos... recentemente fiquei muito alegre quando uma igreja mandou uma carta para minha esposa e filhos, agradecendo por terem me liberado para passar um fim de semana com eles.

Um grande abraço!
Augustus

Conselhos a um Pastor: Cartas reais.

Sent: Saturday, April 28, 2012 8:21 PM
Subject: Conselhos a um Pastor: Cartas reais.


Há alguns anos, recebi uma carta de um pastor recém ordenado solicitando conselhos. Respondi, compilando exortações que tenho passado a alguns pastores que me têm abordado sobre essas questões relacionadas com os seus ministérios. Acreditando que há a necessidade de reforço dessas áreas, em muitos pastorados, transcrevo abaixo essas duas cartas, omitindo e acrescentando alguns detalhes e, obviamente, colocando um nome fictício...
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Pb. Solano

Poderia me dar uma orientação? Estou na eminência de assumir o pastorado de uma igreja... ... será o meu primeiro ministério... . Sinto uma mistura de ansiedade, alegria e responsabilidade em saber que estarei apascentando o rebanho do Senhor, tenho orado, lido a Palavra e gostaria que o irmão me orientasse quais devem ser os primeiros passos de um novo pastor diante de sua igreja.

Firmino Oliveira
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De: Solano Portela
Assunto: Uma Orientação
Meu caro irmão Firmino:

O conselho que me pede é difícil, pois nunca estive nessa situação, mas como já tenho alguns quilômetros rodados e muita observação na igreja de Cristo, aventuro-me a dar-lhe algumas orientações, certo de que esse passo que o irmão está dando - de pedir conselhos, já mostra a mão de Deus sobre a sua vida.

Gostaria de animar o querido irmão a perseverar firme na Palavra de Deus e a caminhar em santificação, seguindo sempre as palavras de Paulo a Timóteo quando orientou aquele jovem ministro a tomar cuidado dele próprio (em todos os sentidos na vida física e espiritual, bem como ser firme nos caminhos de Deus para com a família) e, subsequentemente, da doutrina do ensino, do ministério na Casa do Senhor. Nunca descuide a vida devocional e o estudo sério da Palavra, utilizando todas as ferramentas que puder ter em mãos (livros, livros, livros!). Estou presumindo que tem o treinamento pastoral completado, mas esse nunca acaba - é preciso SEMPRE estar estudando.

Espere algumas dificuldades no ministério. Deus assim indica que isso ocorrerá. No entanto, além dele dar o poder para suportá-las, as eventuais dificuldades, surgidas com alguns, não devem desviar os seus olhos do objetivo de que a igreja caminhe em paz, direcionada na trilha da sã doutrina. Procure preparar os novos convertidos e adolescentes para declararem a sua fé e não descuide das frentes de evangelização. Tente fundar um ponto de pregação, na casa de alguém que mora mais distante, que poderá se tornar mais tarde em uma congregação e assim a igreja irá crescendo. O seu ministério na igreja será formado pela pregação da Palavra mas também por vidas que deve aconselhar e visitar, bem como pela intercessão pelos membros que Deus lhe confiar.

Agora vão alguns conselhos práticos deste presbítero, que já sentou sob diversos ministérios e que acumulou um pouco de experiência, não pela perspicácia, mas pela própria idade, vivência e por intermédio de muitos erros dos quais Deus permitiu que lições fossem extraídas:

1. A saúde: Minha esposa certamente diria que eu não sou pessoa adequada para aconselhar nessa área mas isso não significa que eu não sei o que deva ser feito. Assim, apoiando-me no conselho Paulino, já aludido acima (1 Tm 4.16), cuide-se, porque cuidando de si mesmo estará cuidando de sua família e também da sua igreja. É impossível funcionarmos adequadamente quando nos sentimos mal fisicamente. Não use a prática nociva da auto-medicação, pois isso só pode piorar as situações de desconforto, a médio prazo, e, possivelmente, agravará os problemas. Muitas vezes estará lidando apenas com os sintomas, em vez de com as causas. A auto-medicação não significa cuidado adequado com a saúde. Portanto, pelo bem da sua família e da igreja cuide-se, nessa área.

2. A memória: Devemos confiar menos nela. Eu tenho anotado cada vez mais as coisas, pois vejo que já não me lembro dos detalhes com a mesma facilidade de antigamente. Na sua condição de pastor a lembrança de datas, nomes, fatos é solicitada com muita freqüência e algo inevitavelmente ficará para trás. Portanto, meu conselho é para que ande com um caderninho [hoje em dia, um iPad, serve] e anote tudo o que for pertinente. Sobretudo, nunca suba no púlpito sem anotações dos avisos que pretende dar à congregação, com todos os seus detalhes importantes. A falta disso resultará em momentos constrangedores nos quais procurará lembrar e, muitas vezes não conseguirá. Alguém da congregação virá em auxilio, mas isso não pega bem especialmente quando esse auxílio é solicitado do púlpito. Meu conselho é que, anote, anote, anote...

3. As batalhas: Escolha as batalhas que vai travar. Nem todas valem à pena. Obviamente que as que não valem à pena não terão caráter doutrinário, mas meramente administrativos ou podem ser questões sócio-culturais - que devem ser resolvidas, mas sem a avidez e intensidade das questões explicitamente apontadas nas Escrituras. As questões doutrinárias merecem, também, classificação de importância, para discernir o tempo e época correta de tratá-las. Alguns territórios de somenos importância podem ser concedidos para que outros maiores e mais importantes sejam ganhos. Antes de avançar o exército, avalie bem o terreno pisado, conheça os detalhes e as personalidades daqueles que estão nas redondezas. Acima de tudo, peça constantemente a Deus sabedoria sobre como tratar questões administrativas [vale a pena, mesmo, "expulsar" os diáconos da sala que ocupam há mais de uma década?]. Quando delegar delegue, mesmo, estabelecendo os limites da delegação, mas disposto a aceitar as ações e decisões dos que receberam a responsabilidade de decidir. Não se envolva em todos os detalhes administrativos da Igreja. Ache quem tem talento para isso e descanse, concentrando-se nos aspectos maiores do seu ministério, ainda que você ache que, se fosse você, faria algo de maneira diferente [o mundo não vai acabar, porque o portão instalado é deslizante e não de bandeira, como você acharia melhor].

4. Os Cânticos: Via de regra, a congregação precisa de uma voz forte que lidere a igreja na melodia. Na realidade, ela espera isso de quem está cantando lá na frente. Quando isso não ocorre é possível que ela fique perdida . Se o irmão não tem esse dom, ache quem tem, mas não deixe que lhe usurpem o púlpito e passem a fazer sermões e "passar pitos" na igreja - isso é função do pastor. Tenha cuidado com as letras, pois muita doutrina errada entra pelos cânticos. Não se entusiasme com algo só porque tem o nome "Jesus"
no meio. Lembre-se das palavras de Cristo que muitos dirão "Senhor! Senhor!" Não escolha melodias muito complicadas. Simplifique. O cântico congregacional é algo bonito e que envolve a todos - creio que Deus se agrada muito nele. Muito mais do que quando alguém faz um solo, ou exagera no tocar de algum instrumento, quase como um espetáculo, às vezes, chamando atenção para a própria pessoa que canta ou toca, em vez de para a música e mensagem cantada. Contudo, creio que alguns solos, duetos ou conjuntos - bem cantados e ensaiados - "com arte e júbilo" podem fazer parte da liturgia.

5. Pregação: Essa é a grande área do ministério. Pela pregação os pecadores serão alcançados e os propósitos de Deus realizados. Procure sempre falar um bom português, comunicar-se bem, exercite o seu vocabulário e a fluência verbal. Pregue com autoridade e procure alicerçar as mensagens em sã doutrina e na palavra. Essas são qualidades raras nos dias de hoje e muitos pregadores gostariam de tê-las - e nunca é tarde para obtê-las. Ainda, dentro desse tema da pregação, aconselho:

a. Objetivo: Deixe claro, no início, o que quer ou o que pretende ensinar. A igreja seguirá melhor se souber onde o irmão quer chegar.

b. Lições/Aplicação: É melhor transmitir poucos pontos (um ou dois; no máximo três), mas que sejam bem substanciados pelo texto exposto (ou pela Palavra de Deus, em geral). Quando se procura transmitir mais do que isso, corre-se demais e o ensino fica superficial.

c. Duração: Procure desenvolver o sermão em 30-40 minutos. Essa é a minha luta, também, mas a atenção da congregação será melhor aproveitada quando há essa perspectiva. Quando a expectativa dela é de uma hora ou mais de sermão, já se cansa, ou se desliga de véspera. Muitos pregadores expressam com orgulho mal-disfarçado: "nunca prego menos de uma hora"! Isso alimenta o ego e podemos até argumentar que deveria existir maior interesse na exposição da Palavra de Deus, mas podemos também receber essa limitação como sendo o tempo que Deus nos Deus para trabalharmos com máxima eficiência e eficácia. Ou seja, concentrarmos-nos no que deveríamos fazer, em vez de ficar lamentando uma eventual atitude de impaciência na congregação.

d. Introdução: Tenha introduções curtas, sempre ligadas ao propósito da mensagem. Às vezes as introduções podem virar verdadeiros sermões, mas confundem o povo, pois o sermão vem depois.

e. Exposição: Pregue expositivamente. Escolha um texto e abra o seu entendimento para que ele possa ser internalizado nas mentes e corações de suas ouvelhas. Estude o seu contexto, suas ligações, verifique quais aspectos não são tão claros assim, para a congregação e os explique. Creio firmemente que quando Deus nos coloca na posição de pregadores da Palavra, ele nos dá insights sobre o texto fruto de nosso estudo e meditação nele, que devem ser transmitidos à congregação (não confunda! isso não tem nada a ver com novas revelações). Quando pregamos expositivamente, não significa que não erramos, mas erramos menos, porque estamos presos ao texto. A pregação tópica tem o seu lugar na igreja uma vez ou outra, mas creio que a norma deveria ser a pregação expositiva, pois todas as doutrinas podem ser ensinadas, dependendo do texto. Muitos entendem pregação expositiva como sendo pregação seqüencial (quando o pregador fica em um livro da Bíblia domingos à fio). Essa sistemática pode ser importante, mas não é mandamento divino e é possível que nem sempre essa pregação sequencial - se praticada com exclusividade, atenda as necessidades ou edifique a igreja. Utilizada de vez em quando, em uma seqüência de domingos, usados na exposição de um livro da Bíblia, é uma boa idéia.

f. Referências paralelas: Tenha cuidado para que os textos paralelos, de apoio, não virem um sermão dentro do sermão. É possível nos perdermos quando vamos a textos que deveriam apoiar a lição principal a ser transmitidas e, quando vemos, estamos expondo outros pontos que confundem e não auxiliam. Acho que sempre ajuda estarmos nos perguntando, quando usamos outros textos fora daquele que estamos expondo ajuda a esclarecer, a ilustrar a substanciar; ou desvia a atenção dos pontos principais?

g. Aplicação: Procure aplicações simples, pertinentes à vida dos membros, às situações vivenciadas no dia a dia. É importante mostrarmos a situação atual do mundo evangélico, das igrejas que nos cercam, dos desvios doutrinários que estão no nosso meio. No entanto, se colocarmos na maioria das vezes a aplicação nessa área, podemos gerar apenas sentimentos de auto-justiça e deixamos de atingir os corações daqueles a quem ministramos.

h. Ilustrações: Utilize-as em profusão, mas com muito cuidado e critério - elas devem ser pertinentes ao tema e ao texto (você já deve ter ouvido pastores falarem que encontraram um membro que fez referência a um sermão ouvido há anos, e não se recordavam de nada da mensagem principal, mas a ilustração havia sido sensacional!). Ilustrações pessoais são sempre as melhores, mas seja cuidadoso e não se coloque indevidamente, como uma criatura perfeita - Paulo, que se colocava como exemplo, admitia, ao mesmo tempo que era "o principal" dos pecadores.

i. Dicção: às vezes o sistema de som é deficiente. Procure, portanto, articular bem as palavras para que elas sejam realmente bem entendidas. Isso parece um ponto não tão importante assim, mas é importantíssimo, pois de que adianta ter o que transmitir se a congregação não consegue entender? Em algumas igrejas que freqüentei esse tem sido um problema constante: o som e a inteligibilidade da mensagem e das palavras do pastor. Não sei como enfatizar isso o suficiente (também não sei como Spurgeon consegui falar para 5.000 pessoas sem sistema de som, mas ele conseguia!). Já ouvi de várias pessoas, principalmente de idade mais avançada, dizer que não conseguem entender o pastor . Um outro casal visitante disse-me, certa vez, que conseguiu compreender uns 25% do que o pastor falou. Portanto, é preciso cuidado nisso. Procure trabalhar com quem domina o sistema de som para chegar a uma equalização que gere inteligibilidade à mensagem. Procure, igualmente, não falar com muita rapidez (isso geralmente ocorre nos dez minutos finais do sermão, quando ficamos agoniados para comprimir tudo o que queriamos dizer e que não deu tempo até aquele momento nesse caso, volto aos pontos b e c , acima transmita menos, mas transmita com mais intensidade). A rapidez na fala também prejudica a inteligibilidade, da mesma maneira que a fala lenta e pausada demais (ou com as abomináveis "pausas vocais" - "eh..", "uh...",) coloca as pessoas para dormir.

Não esqueça que todo o seu pastorado é veículo para a transmissão do verdadeiro evangelho, de "todo o conselho de Deus". Cuide de você, de sua família, dos pilares da fé cristã e do ensino Espero que essas observações ajudem. Desejo-lhe imensa felicidade no seu ministério e durante toda sua vida.
Em Cristo Jesus,

Presbítero Solano Portela

SALA DE ACONSELHAMENTO on-line

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