domingo, 31 de julho de 2011

Mensagem


Anderson Paz
Depois que empresas de transporte rejeitaram a proposta de publicidade da Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos), feita no final do ano passado, a associação começou a espalhar na capital gaúcha alguns outdoors.  Um dos outdoors espalhados pela Atea em Porto Alegre exibe as fotos de Charles Chaplin, que era ateu, e Adolf Hitler, que acreditava em Deus, com os dizeres “religião não define caráter”. [1]


Quanto à mensagem do outdoor citado, posso afirmar que ela possui certa concordância com que Paulo já havia dito, em sua carta aos Romanos, há quase 2.000 anos . Ele adverte os religiosos judeus ao dizer: “Eis que tu que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus… Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei?” (Rm. 2:17-23). Já quanto aos não-judeus, Paulo diz o seguinte: “quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” (Rm. 2:14,15).

O que Paulo está dizendo é que a adesão intelectual à alguma concepção religiosa não traz mudança alguma. Meras regras de comportamento não mudam o coração. Paulo chega a dizer que regras como “não toque”, “não use” ou “não manuseie”, não tem poder algum sobre os impulsos humanos (Cl. 2:21-23). Já quanto à mera crença em Deus, Tiago nos diz: “Você crê que existe um só Deus? Muito bem! Até mesmo os demônios crêem — e tremem!” (Tg. 2:19).

Até o momento, como vemos, não há diferença entre o ensino de Paulo e de Tiago e o cartaz da campanha ateísta aqui citado.

Mas, o que o Evangelho apresenta de diferente? O que a mensagem de Cristo tem para se apresentar capaz de mudar o caráter de indivíduos? O Evangelho traz consigo uma experiência que o mundo não consegue compreender: o novo nascimento. Paulo nos diz que “em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura” (Gl. 6:15). E João nos ensina: “Todo aquele que é nascido de Deus não pratica o pecado, porque a semente de Deus permanece nele; ele não pode estar no pecado, porque é nascido de Deus” (I Jo. 3:9).

É a partir da experiência do novo nascimento que tudo muda na vida de quem recebe o Evangelho de Jesus. Se queremos ver pessoas com caráter transformado, semelhante ao de Cristo, nossa mensagem deve ser permeada, não com meros conceitos ou regras humanas, mas com a Palavra capaz de produzir o milagre do novo nascimento. Afinal, como disse o próprio Senhor: “É necessário que vocês nasçam de novo” (Jo. 3:7).


Anderson Paz publica em Pensando a Vida.
Divulgação Genizah
Republicado pelo blog do Pr. José Mauro







domingo, 24 de julho de 2011

ilustração

O carpinteiro e os dois fazendeiros

 por Zé Luís
Dois  irmãos  moravam  em  fazendas vizinhas, separadas apenas por um riacho, e tiveram grande discórdia. Foi a primeira grande desavença em toda uma vida de companheirismo fraterno, onde sempre trabalharam lado a lado.
 
De repente, tudo mudou: O que inicialmente era apenas um inocente mal entendido, transformou-se, de uma hora para outra, em agressões e xingamentos, gerando mágoa e a pior das mortes: o total silêncio de ambas as partes.
Certa manhã, o irmão mais velho ouviu baterem à sua  porta:

-Bom dia. Sou carpinteiro e procuro trabalho. É possível que você tenha algum serviço que eu possa executar em suas terras?
Após breve reflexão, o fazendeiro respondeu:
-Sim! Vê aquela fazenda ali, além do riacho? É do meu principal desafeto. Esse vizinho, que na realidade é meu irmão mais novo, é alguém que resolvi manter a maior distância possível. Brigamos e não posso mais suportá-lo. Vê aquela pilha de madeira ali no celeiro? Vê toda aquela área que divide nossas terras? Use as ripas e construa algo que resolva meu problema. É capaz de construir uma cerca bem reforçada?
-Claro que sei, esse é meu oficio – disse o carpinteiro - Entendo a situação. Mostre-me onde estão as ferramentas e farei o que você precisa para resolver o problema.

Foi então o irmão mais velho, após entregar o material ao homem, à cidade, deixando-o ali, cortando, medindo, trabalhando o dia inteiro e fazendo tudo como planejara.

Quando o fazendeiro chegou, não acreditou no que viu: em vez da cerca, uma ponte  foi  construída, ligando as duas margens do riacho. Embora fosse um belo trabalho, o fazendeiro enfureceu-se:

-Que atrevimento é esse? O que pensava quando contei tudo que contei? - gritou o fazendeiro enfurecido.

Enquanto apontava para a ponte, diante do sorriso enigmático do carpinteiro, viu vindo pela nova ponte o irmão, olhos marejados, de braços abertos. Ele andou até a metade e parou dizendo:
-Depois de todas as ofensas que falei, você mostrou que nossa amizade era maior, a ponto de mandar fazer essa ponte! Estou envergonhado com seu amor, meu irmão...perdoa-me?

Foi quando algo se quebrou dentro do coração do fazendeiro mais velho, e num só impulso, correu na direção do outro e abraçaram-se, chorando no meio da ponte.

O  carpinteiro começou a fechar a sua caixa de ferramentas e dirigir-se a saída da fazenda.

-Espere, fique conosco! Tenho outros trabalhos para você!
-Seria bom poder ficar, mas tenho outras pontes a construir...

O carpinteiro partiu, e os irmãos puderam perceber, enquanto ia embora, que nas mãos do misterioso profissional, haviam profundas cicatrizes, como se um dia tivessem sido perfuradas de forma violenta.

Não são poucas as vezes que pedimos a Deus que nos vingue, e ele vem com aquele papo chato sobre perdão. Falamos a Deus: faça-nos uma cerca segura e nos mantenha seguro dos que nos magoaram, e Ele nos dá pontes, nos aborrecendo com o desconforto de andar uma milha a mais com quem nos humilhou.

Protestamos contra a ineficácia da oração e que Deus não responde quando invocado, sem perceber ao fundo as marteladas e o ronco do serrote, edificando a solução correta. Pode ser que esta não seja a que queríamos, ou mesmo julgamos ser a ideal, mas o que Ele nos traz é a exata e - muitas vezes - amarga medida para nosso problema.


sábado, 23 de julho de 2011

missões

E ai irmãos, que tal essas comidas típicas?
vamos para missões? que tal começarmos pela cultura.

8 alimentos esquisitos ao redor do mundo

Entendemos que alimentação é algo cultural. Algumas comidas que consideramos asquerosas podem ser completamente normais em outras culturas. Mas isso não nos impede de fazer cara feia para algumas iguarias, não é? Nesta lista, seguem alguns pratos que, para nós da SUPER, são difíceis de engolir. Você conhece outros?
Língua de pato
Porquinho da índia
Cérebro de porco
Queijo de verme (casu marzu)
Placenta de veado
Ovo fecundado com um embrião de pato ou galinha
Sannakji – polvo vivo
clique neste link veja matéria completa com fotos das gostosuras acima

sábado, 16 de julho de 2011

Entrevista com Shedd


Veterano da fé


Aos 80 anos de vida, o doutor Russell Shedd mantém-se como referência de integridade, conhecimento biblico e vida cristã.




Por Carlos Fernandes



Não é muito comum um líder religioso chegar aos 80 anos em plena atividade. Mais raro ainda é ter atravessado todo este tempo mantendo um ministério de visibilidade internacional. Agora, privilégio mesmo é poder ostentar uma reputação inabalada e manter-se como referência de conhecimento bíblico e saber teológico em idade tão avançada. Pois Russell Philip Shedd entrou para o rol dos octogenários em 10 de novembro passado com todas essas características. Missionário de origem americana, ele está radicado no Brasil desde 1962. Neste quase meio século, tem prestado decisiva colaboração à Igreja nacional, seja através de seus livros e trabalhos de cunho teológico, seja com suas pregações, conferências e palestras.

Shedd é um teólogo com grande preparo. Com apenas 20 anos, graduou-se no Wheaton College, nos Estados Unidos. Ali, especializou-se em hebraico e grego – línguas bíblicas cujo conhecimento considera fundamental para uma correta interpretação das Escrituras. Em seguida, tornou-se mestre em teologia e, mais tarde, doutor em filosofia e Novo Testamento pela Universidade de Edimburgo, na Escócia. Mas o saber não fez dele um acadêmico arrogante, desses que enxergam a divindade com a frieza dos livros. “O conhecimento não enfraquece a fé; pelo contrário, auxilia o nosso relacionamento com Deus”, afirma. “E ainda produz muita dependência dele também”. Para manter a comunhão com Deus, a receita desse veterano da fé é simples: “Acordo todo dia antes das cinco da manhã. Assim, é possível dedicar uma hora ou mais à leitura bíblica e à oração.”

Com vinte livros publicados, Russell Shedd é muito conhecido no Brasil como fundador de Edições Vida Nova, casa publicadora especializada em obras teológicas pela qual lançou a Bíblia Vida Nova em 1977, abrindo o mercado para a popularização das versões de estudo das Escrituras Sagradas. Foi também professor na Faculdade Teológica Batista de São Paulo durante 30 anos e pastor da Metropolitan Chapel, congregação fundada por ele na capital paulista, onde vive e permanece ligado à denominação Batista. Missionário jubilado, Shedd tem um padrão de vida simples, razão pela qual não aceita que o líder evangélico ostente riquezas. “Não creio que o ensinamento do Novo Testamento favoreça em algum momento o ato de esbanjar ou gastar somas grandes para provar que Deus nos tem abençoado”, comenta. O “senhor Bíblia” – como muitos o chamam, à sua própria revelia – concedeu esta entrevista a CRISTIANISMO HOJE:

CRISTIANISMO HOJE – O senhor tem um dos mais invejáveis currículos de formação teológica entre os líderes cristãos que atuam no Brasil. É difícil conciliar tanto conhecimento com a simplicidade de um relacionamento com Deus?

RUSSELL SHEDD – Não, não acho difícil.  O conhecimento não enfraquece a fé; pelo contrário, auxilia o relacionamento com Deus. E produz muita dependência dele também.
De modo geral, como é o nível do conhecimento do crente brasileiro acerca de Deus e de sua Palavra?

Creio que um problema em diversas igrejas é a falta de ensinamento que explique mais detalhadamente a Bíblia toda. Por exemplo: quantos creem num inferno eterno? E muitos crentes têm uma aversão contra a soberania de Deus, tal como a Palavra ensina. 

Em 1962, quando o senhor chegou ao país, o panorama religioso nacional era completamente diferente do de hoje. Faça um paralelo entre a situação espiritual que encontrou naquela época e o que se vê atualmente.

Uma das principais diferenças foi que, naquele início dos anos 1960, as igrejas tradicionais condenavam interpretações e práticas pentecostais, como dons de línguas, profecia e curas miraculosas. Tais manifestações eram consideradas quase como heréticas. Hoje, as igrejas mais tradicionais tendem a condenar a teologia da prosperidade e os ensinamentos dos neopentecostais por falta de base bíblica.  Os seminários proliferam, embora o ensino bíblico, em muitos casos, seja bastante superficial.  E o interesse em missões continua sendo muito precário.

Então, apesar da haver mais seminários, o panorama do ensino teológico no Brasil não é bom?

Muitas igrejas montaram suas próprias escolas teológicas. Claramente, hoje temos muitas escolas sem professores treinados. O liberalismo teológico tem sido tirado de algumas escolas, enquanto em outras continua sendo uma opção que os alunos não têm habilidade para julgar ou avaliar.  A leitura de autores como Tillich e Bultmann pode dar a ideia de que não há muita diferença entre o liberalismo e ortodoxia. Um bom número de autores teológicos modernistas está aí, no mercado editorial. Ao mesmo tempo, há um crescente número de excelentes opções de autores que abraçam firmemente a inspiração plenária das Escrituras e a ortodoxia tradicional.

O reconhecimento dos cursos teológicos evangélicos pelo Ministério da Educação pode ser uma solução?

Não acho que esse reconhecimento seja positivo, uma vez que os professores precisam adquirir graus de mestrado e doutorado, muitas vezes orientados por professores liberais. E a vantagem de fazer um curso reconhecido se perde na medida em que os pastores se tornam mais, digamos, profissionais.

Como um ex-editor, o que o senhor acha do segmento editorial evangélico hoje? A realidade do mercado sufoca a vocação ministerial?

Não há dúvida de que, se não existir um mercado editorial, as editoras não podem sobreviver. Claro, elas também têm de ter um caráter de missão, para poder escolher títulos que o povo precisa ler. É óbvio que há muitos títulos no mercado que acho de pouca importância, mas isso não quer dizer que não haja muitos leitores que buscam informação e encorajamento nesses livros. Existe também uma outra questão.. Algumas editoras evangélicas têm receio de publicar livros liberais, que poderiam destruir a fé dos leitores. Mas aquelas que publicam tais livros têm interesse no mercado e no aparecimento de outros autores “famosos”, mesmo que não sejam crentes evangélicos.

A popularização das Bíblias de estudo temáticas – como Bíblia da mulher, Bíblia das profecias, Bíblia dos pequeninos, Bíblia do executivo – tem beneficiado as editoras, que investem cada vez mais em novos lançamentos do gênero. Essa corrida pelo mercado é boa ou ruim?

Não acho ruim, uma vez que qualquer ajuda que o leitor recebe dessas bíblias somente poderia trazer benefícios.  Não seria o caso se as notas fossem tendenciosas, oferecendo interpretações falsas.

Na diversidade de versões e edições que hoje existem da Bíblia, qual deve ser o parâmetro de escolha do crente em termos de fidedignidade?

O que importa é que a tradução escolhida não acrescente alguma ideia que o autor do original não tinha. Fidelidade na tradução sempre tem que reproduzir a ideia do original. Ela não pode incluir nem excluir algo que o texto hebraico ou grego diga.

O senhor é o presidente emérito de Edições Vida Nova, casa publicadora que ao longo dos anos tornou-se referência em obras de cunho teológico, e consultor da Shedd Publicações. Num mercado dominado por livros de cunho motivacional, a literatura teológica ainda encontra espaço?

Graças a Deus, sim.  As vendas de livros publicados pelas Edições Vida Nova, bem como de Shedd Publicações, têm aumentado ano a ano, juntamente como o crescimento do público evangélico.

O que deve ser feito pelas editoras para que as obras de conhecimento teológico não sejam apenas livros de referência para professores e estudiosos, mas também tenham apelo para o crente comum, o membro de igreja?

Os editores estão de olho naquilo que vende. Eles sempre seguirão o que a pesquisa de mercado indica que será um sucesso. Mas para aproximar as obras teológicas dos leitores comuns será evidentemente necessário tornar esses livros mais populares. Por exemplo, os manuais bíblicos. Hoje existem manuais de todos os níveis.

Em seus livros O líder que Deus usa e A oração e o preparo de líderes cristãos,
o senhor enfatiza a necessidade do caráter e do exemplo que o pastor deve dar às suas ovelhas. Qual sua impressão sobre a integridade pastoral hoje?

Infelizmente, temos ouvido sobre casos tristes de quedas de líderes no adultério, no nepotismo e na corrupção. Os pecados que destroem o ministério do líder muitas vezes são esquecidos pelas igrejas, que acham que o pastor é um homem de Deus e não deve ser demitido por um “tropeço”, especialmente se for um líder muito popular. A verdade é que sempre tivemos quedas de líderes durante a história, mas parece que a integridade deles hoje sofre desgaste maior.

Como evitar a excessiva vinculação da congregação a seu dirigente, de modo que a eventual queda do líder não represente um golpe inevitável na comunidade?

A queda de líderes muito proeminentes, isolados e sem o acompanhamento de bons auxiliares, torna-se um desastre para a igreja. Quando presbíteros e diáconos – ou seja, o segundo escalão na liderança da igreja – são muito responsáveis, acompanhando de perto o ministério do dirigente da congregação, é possível, em muitos casos, amenizar os efeitos de uma eventual queda.

Uma das expressões dessa concentração de poder nas mãos dos líderes é o uso de título eclesiais, como o de bispo ou apóstolo. Biblicamente, qual é a legitimação disso?

O ensinamento de nosso Senhor sobre a necessidade de humildade e disposição de servir deve nos advertir sobre o perigo de procurar alguma autoridade que deve ser unicamente de Cristo. Não acho positiva a adoção de títulos que não sejam bíblicos. Bispo é um título bíblico, mas significa apenas “supervisor” e não alguém que domina a vida de outros líderes e pastores. Aliás, o único texto que menciona pastor humano no Novo Testamento é o de Efésios 4.11, onde o grego dá a entender que o pastor deve ser um mestre.

Já a nomenclatura apóstolo, a não ser em raros casos, refere-se às pessoas que Jesus apontou pessoalmente – razão pela qual Paulo argumenta, na sua primeira Epístola aos Coríntios, que viu o Senhor ressurreto e que Cristo apareceu para ele em último lugar. Já Filipenses 2.25 registra o termo “apóstolo” no original, fazendo referência a Epafrodito, que foi autorizado especificamente para levar os donativos da igreja de Filipos a Paulo. Logo, ele foi apóstolo da igreja de Filipos, tal como Barnabé e o próprio Saulo o foram da igreja de Antioquia.

Muitos dirigentes denominacionais justificam a própria opulência argumentando que a prosperidade financeira do líder é sinal da bênção de Deus. Isso tem base bíblica?

Não creio que o ensinamento do Novo Testamento favoreça em algum momento o ato de esbanjar ou gastar somas grandes para provar que Deus nos tem abençoado. Jesus mandou o jovem rico vender o que ele tinha para dar o produto aos pobres. Fica evidente que o Senhor é completamente contrário a que os líderes gastem dinheiro em luxo ou desnecessariamente.

O que faz um líder cair e ficar pelo caminho, transformando seu ministério em motivo de escândalo?

Creio que a falta de cuidado em buscar uma intimidade com Deus todos os dias, evitando a aparência do mal. Acredito que quedas ocorrem quando não achamos possível cair, ou quando ficamos seguros e até orgulhosos de nossa espiritualidade.

Quais têm sido as suas fontes de sustento ao longo desses anos todos?

Nós chegamos de Portugal em 1962, sustentados pela Missão Batista Conservadora. Ao longo desse tempo, igrejas e crentes da América do Norte enviaram suas ofertas missionárias para manter nossa família [Shedd é casado com Patricia e tem cinco filhos].
Hoje, esta entidade chama-se World Venture e continua sustentando missionários em muitos paises do mundo. O nível de sustento é determinado pela missão de acordo com o custo de vida do país no qual o missionário vive. Desde janeiro de 2008, nossos recursos vêm do plano previdenciário Social Security e de uma aposentadoria fornecida pela própria missão.  Não temos sofrido nenhuma falta.

Em sua opinião, por que entidades associativas de pastores e líderes, como a Associação Evangélica Brasileira (AEVB), enfrentam problemas de continuidade? Falta interesse dos pastores em participar desses movimentos associativos?

Vários motivos explicam a falta de interesse em entidades associativas. Poucos acham importante, ou de grande benefício, esse tipo de associação. A maioria dos pastores estão tão ocupados com seus programas, planos e ministérios que não acham que vale a pena contribuir e trabalhar para alguma entidade além da própria denominação.

Em quê o conhecimento das línguas bíblicas originais pode ajudar na prática da pregação?

A importância de estudo das línguas originais reside no fato de que através dele se pode explicar melhor o significado que certos termos e frases tinham quando o autor escreveu o texto bíblico.  A diferença entre as culturas bíblicas e a cultura ocidental em que vivemos hoje requer bastante cuidado para se entender a visão de mundo e os valores que regeram os escritos bíblicos. Além disso, as línguas originais ajudam chegar a conclusões mais seguras acerca do que dizem as Escrituras. Trabalhar com o texto original leva o pastor a pregar com mais cuidado e a poder afirmar: “Assim diz o Senhor”. Bons comentários também ajudam na tarefa de buscar o sentido do texto.

Essa falta de conhecimento é o motivo de tantas pregações superficiais?
Não é apenas isso. Imagino que os pastores e professores de Escola Bíblica Dominical não têm tempo ou muito interesse em examinar as Escrituras para saber de fato o que o autor queria comunicar.  Preferem usar uma hermenêutica que recorre a alegorias sobre o texto bíblico. Assim, é possível dar uma interpretação muito diferente daquela que a Bíblia ensina. 

Qual o tempo adequado para o preparo de uma mensagem consistente?
Varia muito. Alguns pregadores podem chegar à proposição, ou seja, ao ensinamento central do texto, com mais facilidade do que outros. Daí, procurar os argumentos dentro do texto que sustentem a proposição demora também. O professor Karl Lachler, que lecionou muitos anos na Faculdade Teológica Batista de São Paulo, dizia que uma hora de estudo por cada minuto de mensagem parece exagerado... Porém, aquele que estuda e medita para chegar ao cerne da mensagem do texto, além de buscar os argumentos dentro do trecho escolhido que comprovem essa proposição, pode gastar bastante tempo. Infelizmente, cuidado no preparo de mensagens que alimentem o rebanho e a realização de visitas para conhecer bem as vidas dos membros e confrontar aqueles que não estão obedecendo às ordens do Senhor têm sido práticas esquecidas em muitas igrejas. Pastores santos, crentes firmes na veracidade da Bíblia, com famílias ajustadas, que buscam ao Senhor com muita oração e fé, produzem igrejas de qualidade.

A Igreja contemporânea está sempre buscando novas formas de crescer, e muitas congregações recorrem a modelos empresarias de gestão e marketing. O que o senhor pensa de incorporação de tais elementos à obra de Deus?

Não tenho nada contra o crescimento das igrejas, desde que ele não ocorra em detrimento da qualidade da formação dos membros na imagem de Cristo, conforme preconiza o texto de Romanos 8.29. Sou muito a favor do crescimento do número dos genuinamente convertidos e nascidos de novo.. O problema surge quando, no interesse de aumentar o tamanho da igreja, deixa-se de lado a santificação dos membros. Ora, sem a santificação, conforme Hebreus 12.14, ninguém verá o Senhor! Ocorre que modelos de gestão eclesiástica não têm tido muito sucesso no discipulado e na formação de homens e mulheres de Deus. Uma igreja muito grande pode ter dificuldades em integrar os fiéis num plano de crescimento espiritual verdadeiro. Com o aumento do número dos membros, é muito fácil perder os indivíduos de vista. Além disso, numa igreja grande os crentes muitas vezes não se sentem responsáveis para servir, contribuir, discipular ou alcançar novos convertidos, especialmente se houver na comunidade líderes pagos para cumprir esse papel. Por outro lado, uma igreja grande tem recursos pessoais e financeiros para se comprometer com grandes projetos e muitos ministérios.

Então, qual deve ser o objetivo de uma igreja?
O alvo bíblico descrito em Colossenses 1.28 – proclamação, advertência, ensino com toda sabedoria e entendimento espirituais – é o objetivo que todo pastor e igreja devem considerar como prioridade.

Na sua opinião, a mídia eletrônica é um bom púlpito?
A televisão pode, sim, ser um bom canal para se explicar o Evangelho. Mas ela tem sérias deficiências também: as pessoas não são discipuladas se não se tornam membros ativos da família de Deus. Um compromisso muito sério com uma igreja local que ensine a Palavra de Deus com autoridade é o caminho do discipulado e do crescimento espiritual.

De alto de sua experiência, o que o deixa preocupado em relação ao futuro da Igreja brasileira?
A minha preocupação se concentra na qualidade espiritual da liderança e dos membros das igrejas. É assustador ver a quantidade de divórcios que ocorrem hoje entre casais evangélicos e a falta de integridade por parte dos líderes. Também fico muito preocupado com a proliferação de ensinamentos que não são bíblicos, como a teologia da prosperidade, que nega a necessidade de o crente negar-se a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir a Jesus.

Qual a sua compreensão acerca do que seja um avivamento?
O avivamento tem algumas evidências. Uma delas é quando o Senhor e sua Palavra têm mais importância do que o dinheiro ou qualquer outra coisa material. Avivamento cria arrependimento profundo pelos pecados cometidos e muita alegria no Senhor ao reconhecer seu perdão. Para uma Igreja avivada, o evangelismo se torna algo natural e as missões transculturais, uma prioridade, uma vez que Jesus mandou seus servos fazerem discípulos de todas as nações.

Logo, ao contrário do que se diz, a Igreja brasileira hoje não experimenta um avivamento?

Não acredito que o que acontece hoje, com o rápido crescimento da Igreja, seja um avivamento de verdade.  O que eu vejo é que falta temor do Senhor, arrependimento profundo e interesse por missões.  
O senhor é filho de missionários americanos que aqui chegaram na primeira metade do século passado, época em que obreiros estrangeiros tinham grande influência no Brasil. Hoje em dia, sendo o país uma potência evangélica, ainda há espaço para eles?  

De fato, a influência de missionários estrangeiros aqui é cada vez menor. Mas ainda há áreas em que obreiros vindos de fora poderiam ser úteis, como no preparo para as missões transculturais. O treinamento em determinadas áreas, como antropologia, linguística e informação acerca de povos não alcançados continua sendo uma área em que os missionários estrangeiros podem ser muito úteis à Igreja brasileira.

Pode-se dizer que já existe uma teologia genuinamente nacional?

Creio que teologia nacional, brasileira, seria aquela alicerçada em nossa história e cultura. Não acho que poderia encontrar uma visão como essa bem divulgada no Brasil.  Ainda há muita dependência dos livros estrangeiros e de modelos de igrejas que tendem a copiar o que se faz em outros países.

Do que o senhor sente falta na Igreja de hoje e que já viu em outros tempos?

De um lado, mais ensino da Palavra, mais preocupação com santificação e mais investimento em missões transculturais. De outro, uma Escola Dominical mais forte, uma hinologia alicerçada na teologia bíblica e mais livros de ensino sério.



quinta-feira, 14 de julho de 2011

mensagem



Carlos Moreira

Quando alguém aceita a Cristo como seu Senhor e Salvador, não percebe, de imediato, o milagre que se realizou silenciosamente em seu ser, o desencadeamento de todo um processo interior e espiritual em proporções inimagináveis.

Através da iluminação do Espírito Santo, que produz a consciência de pecados, nascemos de novo, recebemos o próprio Espírito em nossas vidas, apropriamo-nos da remissão de pecados – mediante o sangue do Cordeiro – somos justificados pela fé, pois cremos com o coração e confessamos com a boca a Jesus, e, a partir de então, começamos a viver os prenúncios da eternidade, pois nossa consciência começa a ser reelaborada a partir da matriz de valores do Evangelho, o que nos leva a praticar atos de justiça.
O processo de santificação, que é este desafio de, no caminho encarnarmos "O Caminho", é algo que vai sendo gestado de dentro para fora, das percepções para as ações, dos conteúdos para a prática, algo que permite com que carisma e caráter caminhem lado a lado, harmonizem-se com a finalidade de construção de um novo ser, pois, como disse Proudhon, "a revolução sucede à revelação".

Isso fica bonito num texto religioso-filosófico, mas, na prática, a realidade é outra. O que tenho visto, nas últimas décadas, é que o "evangelho" não produz mais aquilo que deveria produzir, ou seja, ou ele perdeu a sua eficácia com os anos, ou o que estamos pregando é um outro "evangelho"!

Sinto uma alegria indescritível quando encontro alguém que me relata ter tido recentemente uma experiência com Deus através de Jesus Cristo. Por outro lado, minha alma é invadida por uma imensa tristeza, pois sei que há grandes chances desta pessoa se tornar uma vítima da engrenagem  das instituições religiosas, pois, como disse Nietzsche, "Deus está morto e o seu túmulo é a Igreja".

Quando o filósofo escreveu esta sentença, estava diante de uma religião perversa, a qual havia criado um "deus" caricaturado, um ser absoluto e indiferente. "Matar" Deus, significava extinguir o dogma, o conformismo, a superstição e o medo, era a proposta da não imposição de "regras", as quais impediam a transcendência do ser, sua auto-afirmação, sua busca por elevação em sua saga existencializada.
O que vejo em nossos dias é que as pessoas "desembarcam" nas comunidades, às vezes oriundas de movimentos, outras após aceitarem o convite de amigos ou parentes, em algumas situações após terem levantado a mão num "apelo", seja como for, e, a partir daí, iludidas pelo "sistema", começam a imaginar que a vida cristã significa apenas uma mudança na agenda, e não uma transformação na consciência!

O "novo convertido" inclui em sua programação semanal um culto dominical, uma reunião de oração, a participação em um pequeno grupo, ou mesmo num movimento, e pronto, toda a sua vida está rearrumada! Agenda refeita, lá vai o novo "crente" "mundo a fora", ano após ano, e nada do que ele faz é capaz de produzir transformações significativas em seu ser – reestruturação emocional, ressignificação conjugal, reelaboração familiar, renascimento espiritual, redirecionamento profissional.
É que o sujeito, não raro, apenas trocou o bar pelo pequeno grupo, o cinema pelo culto, a praia pelo movimento e a palestra pela reunião de oração. Ele mudou a agenda, mas não mudou o coração. Em alguns anos, irá sentir-se totalmente esvaziado de propósitos e significados, viverá uma fé epidérmica, uma espiritualidade não-sustentável, se decepcionará com a Igreja, ou, talvez, até com o próprio Deus, irá tornar-se um "esquentador de banco", freqüentador de reuniões que possuem, como único objetivo, purgar de sua consciência um sentimento de culpa por ter se tornado um ser sem emoção, sem reverência, sem devoção. 

Termino com Karl Jaspers, filósofo e psiquiatra alemão: "a verdadeira existência é a possibilidade de transcender a situação na qual nos encontramos". E eu, na minha insignificância, fico pensando: e se não for isso, então, o que será? 

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